Planeje viajar pela região da famosa Santiago de Compostela e saiba o que fazer no norte da Espanha
Tatiane Matheus
É bem provável que você já tenha escutado algo sobre Santiago de Compostela. Mas, não é apenas esta cidade que soa familiar na Galícia, norte da Espanha. O idioma galego é a mistura de português com castelhano. Não é incomum ver pessoas ruivas que indicam resquícios celtas ou escutar uma gaita de foile “assobiando”. Mas, não há dúvidas que em suas veias há a latinidade espanhola (ou seria portuguesa?). Um galego responderia que a Galícia precede esses países. O que não deixa de ser verdade, já que a região precede os estados-nação de hoje. Também não são apenas as lendas que mostram os rastros que o Império Romano deixou, mas muitos monumentos também. Construções megalíticas, em forma de mesa, revelam que o lugar já era habitado no período neolítico.
Conecte-se com a espiritualidade
Não é preciso ter caminhado quilômetros para se encantar com a beleza de Santiago de Compostela, cidade que surgiu a partir da tumba do apóstolo Santiago no século XI. Cada lado do templo marca um período e estilo arquitetônico. Até um cético sente a espiritualidade do templo ao escutar o som do órgão e o cheiro de incenso. Se puder, suba uma pequena escada para saudar a imagem do apóstolo. Caminhe sem pressa pela cidade antiga para descobrir tudo o que ela tem a oferecer.
Na entrada da Praça da Alameda de Santiago de Compostela, há as estátuas de Coralia e Maruxa, as duas Marias, que vagavam pela cidade por anos após a guerra civil espanhola. Entre estudantes e peregrinos, não se espante se encontrar algum músico de rua com sua gaita de foile. Pela Rua do Vilar, há lojas com cerâmicas galegas e peças de artesanato com prata e azabache, uma pedra negra. Os elegantes salões do restaurante Vilas (Rua Rosália de Castro, 88) são emblemáticos, mas quem quer ter uma experiência gastro-cultural deve ir ao Fogar do Santiso (Trasellas, 13).
Pertinho dos lendários heróis de Tróia
Pontevedra tem uma zona antiga extraordinária e sua fundação está em volta de lendas de heróis de Tróia e celtas. O passado da nobreza da região está na arquitetura dos edifícios da Avenida Santa Maria. Mas é na Praça Alonso de Fonseca que está uma construção que combina uma diversidade de estilos: a Basílica de Santa Maria. Ela foi construída no século XVI e vai desde o gótico isabelino ao manuelino português. No Museo Provincial encontramos desde uma coleção de arqueologia, objetos medievais e até a arte galega contemporânea.
Há várias lojas de antiguidade. O destaque na hora das compras é uma loja que funciona desde 1896, A Moda D’abaixo (Soportais, 5) que vende desde chapéus e roupas de baixo para homens até jogos antigos para colecionadores. A meia hora de Pontevedra está o Parque Arqueológico da Arte Rupestre Campo Lameiro, conhecido também como a Atapuerca galega.
A vizinha de Portugal com sua ilha paradisíaca
Vigo se orgulha de seu porto e de seu time de futebol, o Celta. Sua arquitetura vai desde a concatedral de Santa Maria próxima ao mercado de pedra, onde podemos comprar ostras, aos monumentos contemporâneos do passeio marítimo.
As praias de Vigo são paradisíacas. As ilhas Cíes têm uma singular barreira rochosa e um parque nacional cheio de gaivotas. As ilhas de Monteagudo e de Faro são unidas por um dique. Precedida pela ponte medieval de a Ramallosa e a praia de Ladeira está a monumental Villa de Baiona — que recebeu a caravela Pinta de Cristovão Colombo. El mosquito (Plaza da Pedra, 4) e Maruja Limón (Calle Victoria, 4) são ótimos para desfrutar da cozinha galega.
Desfrutando nas águas das ninfas
As águas termais de Ourense podem ter sido sido desfrutadas por ninfas. Em Las Burgas, há água quente que chega à mais de 60 graus. A cidade já foi considerada a Atenas galega no primeiro terço do século XX pelos seus intelectuais. Conheça a catedral, o Museu Arqueológico, o complexo cultural São Francisco, as fontes de Burgas e a velha ponte romana. Nas margens do rio, na zona do Centro Comercial Ponte Vella, há a original ponte do milênio que foi inaugurada na virada deste século. Do turismo termal, destaca-se as termas de A Chavasqueira, de estética japonesa.
Na proteção da muralha, “coma a cidade”
A mais antiga cidade galega, Lugo, nasceu dentro de uma muralha romana de mais de 2 quilômetros e construída no século III, que ainda segue intacta. Declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, dentro da cidade antiga, está a catedral chamada Santa Maria. A nave central é de estilo românico. Os arcos são do século XVI e a capela da Virgem é barroca. O primeiro corpo da torre é românico e, o segundo, gótico com um remate renascentista.
Lugo traz deliciosas possibilidades gastronômicas. Suas tapas fazem parte da vida cotidiana da cidade. Aproveite sua visita para comer o que há de mais rico da região: o pulpo (polvo) à galega, pimentos de padrón, queijos (em especial a tetilla galega). Depois de passar nos restaurantes Meson Alberto (Rua Cruz, 4) e ao Campos (Rua Nova, 4) entendemos a expressão “coma Lugo”.
A cidade azul por onde passou o Hércules
A imponente Torre de Hércules, também considerada patrimônio da humanidade, é vista por todo passeio marítimo de La Corunha. Ao dizer que é brasileiro, um entusiasta do time Deportivo de la Coruña vai lembrar de jogadores brasileiros que passaram por lá, como Bebeto e Rivaldo.
Depois de tantas catedrais, Corunha é o lugar ideal para cometer heresias consumistas. A cidade é sede da Inditex, que tem a Zara, entre outras marcas, e ainda conta com a boutique da estilista Purificación García. Aos arredores da Praça María Pita, coma um bom marisco na Casa Jesusa (Rua Oliva, 1) ou uma massa na La Tavernetta (Rua de Julio Rodríguez Yordi, 6). Já sempre estamos olhando para o mar, tenha momentos de contemplação ao subir o monte San Pedro.
Em Ribadeo, um das praias mais lindas
Não é à toa que encontramos várias noivas e fotógrafos no final de tarde de verão na praia das Catedrais, em Ribadeo. O local, de beleza estonteante, proporciona belos ângulos e um belo pôr dos sol. O acesso deve ser durante a maré baixa. A fotogênica praia é um monumento natural com suas rochas em formato de arcos, como em uma catedral.
Termine sua jornada no fim do mundo
Finalize a sua viagem no “fim do mundo”, ao menos para os romanos. Em Fisterra, na bela Costa da morte, temos a impressão que o mar terminar depois do horizonte. Muitos peregrinos terminam o caminho de Santiago lá e queimam as suas botas.
